terça-feira, 3 de maio de 2011

Educação Musical: Idéias e definições


A Educação Musical pode ser entendida como um conjunto de práticas de ensino relacionadas com o fazer musical, ocorrendo dentro de um contexto onde existem valores, normas, crenças e expectativas, sendo portanto, parte intrínseca da realidade social, devendo ser executada de forma a observar e vincular conhecimento construído e realidade social, de forma a atender os anseios da sociedade em questão. Pode ocorrer em diferentes espaços, tendo então diferentes objetivos e funções pedagógicas, estéticas e políticas.
A música e a educação musical faz parte da sociedade há muito tempo, sofrendo modificações na forma de como esta deve ser concebida, bem como seus valores e funções, de acordo com o período histórico e/ou cultura.
A música na Antiguidade estava relacionada com a educação geral do indivíduo e a formação do caráter. Já na Idade Média a função da música estava relacionada a atender as funções litúrgicas. Com o passar dos anos, a música foi adquirindo um caráter mais profissionalizante. No período do Romantismo surgem os primeiros conservatórios e ocorrendo também maior reflexão sobre a música e a educação musical. Nesta época, Herbart, responsável pelo primeiro sistema da teoria da educação, considera a formação do caráter moral do indivíduo como finalidade da educação musical.
A partir do século XX, grandes transformações ocorrem na forma de pensar e conceber a educação musical. Educadores musicais como Zóltan Kodaly, Émile Jaques Dalcroze, Carl Orff, dentre outros, revolucionaram as bases da educação musical através de suas idéias e trabalhos realizados nesta área. A Educação Musical passou a ser vista como uma linguagem artística capaz de influenciar positivamente no desenvolvimento cognitivo, intelectual e afetivo dos educandos, desta forma, favorecendo o desenvolvimento da criança em aspectos como a socialização, alfabetização, inteligência, capacidade inventiva, expressividade, coordenação motora, percepção sonora, raciocínio lógico e matemático, estética, dentre outros. Estes educadores fundaram os chamados métodos ativos de educação musical, afirmando a importância do aprendizado musical partir de vivências e experiências concretas dos alunos com relação aos elementos sonoros, para depois se partir para conceituações teóricas.
Para Dalcroze, a educação musical está relacionada com escuta e movimento corporal, sendo imprescindível a vivência prática dos fenômenos sonoros. Kodály encara a educação musical como uma ferramenta de fortalecimento da identidade da nação. Em seu trabalho dá ênfase ao canto coral e valorização e resgate da cultura nacional através da utilização de canções folclóricas. Outro grande educador musical foi Shiniki Suzuki, o qual desenvolveu um trabalho de educação musical demonstrando a relação entre música, amor e melhora da auto-estima. Desmistifica a crença sobre a música ser um dom e acessível para poucos, pois para ele, todos tem o potencial para aprender música, relacionando o ensino musical com o ensino da língua-mãe. No trabalho destes educadores musicais, há um desenvolvimento individual e coletivo, valorização da cultura popular, existindo também uma relação entre educação musical e formação e desenvolvimento do ser humano em diversos aspectos. Segundo Joly, a educação musical pode contribuir no desenvolvimento intelectual, além de outros processos de cognição tais como a memória, a imaginação, a comunicação verbal e corporal.
A Educação Musical na atualidade volta-se para o lado social e desenvolvimento do ser humano em seus múltiplos aspectos (físico, mental, social, emocional e espiritual), sensibilizando-o e promovendo o seu desenvolvimento em várias áreas do saber. Pode ser considerada como um agente facilitador do processo educacional, contribuindo também para a integração social, favorecendo o bem-estar e o crescimento das potencialidades do ser humano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERES, J.M. Iniciação musical: brincando, criando e aprendendo. São Paulo, Ricordi Editora, 1989.
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora UNESP, 2008

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